quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Ai os imortais, os imortais...

A Clix já me activou o serviço de internet. Só demoraram seis meses...

Assim sendo, espero reatar o meu espaço e continuar com as barbaridades do costume. Escrevia mais, mas tenho um texto guardado que não me está acessível neste preciso momento (está na partição de Ubuntu).

É de amor, já agora. E não é filosófico, é artístico.

Mas - e porque não? - deixo-vos com um excerto de Schopenhauer (Metafísica do Amor). Esta é traduzida e editada pela editora Guimarães (a menos que seja a última esperança, não comprem livros deles, consta que são terríveis). Também actualizei o meu perfil do hi5 com isto.

"Verificámos que a intensidade do amor aumenta à medida que se individualiza. Demonstrámos que a natureza física de dois indivíduos pode ser tal que, para melhorar o tipo da espécie e torná-lo perfeito em absoluto, um desses indivíduos deve ser o complemento do outro. Atrai-os então um desejo mútuo e único; e pelo único facto de se fixar sobre um só objecto, por representar ao mesmo tempo um determinismo próprio da espécie, esse desejo toma logo um carácter de nobreza e elevação. Pela razão oposta, o puro instinto sexual é um instinto vulgar porque não se dirige a um indivíduo único, mas a todos, e procura conservar a espécie apenas pelo número sem se importar com a qualidade.

Quando o amor se dedica a um único ser, atinge então tal intensidade, um tal grau de paixão, que se for privado da sua satisfação, todos os bens do mundo e a própria vida perdem o seu valor. É uma paixão de uma violência que nada iguala, que não recua perante sacrifício algum, e que pode conduzir à loucura ou ao suicídio."

Não é um texto particularmente profundo, mas é bonito. Infelizmente, ultimamente não tenho conhecido muitas mulheres que me deixasse nesse êxtase. É a viding.

Mas, voltando ao texto, Schopenhauer diz coisas bastante inspiradores no pequeno opúsculo supra-citado. Ele parte do princípio que há uma espécie de "génio da espécie", uma inteligência colectiva da espécie humana, que nos faz entender com quem devemos ter relações (sociais e sexuais). Ele também parte do princípio que não existe propriamente um "amor", no sentido espiritual - contrariamente ao que a televisão e romances literários nos fazem acreditar. Diz mesmo que o "amor" é uma condição da espécie: a evolução fez com que a experiência psicológica e física do amor fosse de tal ordem, que nos é impossível, ou, pelo menos, muito complicado), não procurar uma companheira para nós.

Mas o texto não trata de assuntos como a homossexualidade. Lido o livro, eu diria que ele ou acha que a homossexualidade é uma condição não natural (talvez derivada de traumas, ou algo assim), ou acha que a homossexualidade é um condição incompleta (no sentido superficial, pois a própria pessoa sabe [inconscientemente?] que não pode gerar filhos, optando, assim, pela mera satisfação da sua luxúria, impedindo o "génio da espécie" de realizar-se).

O texto também toma uma postura ligeiramente assertórica, que poderá desagradar algumas feministas que não o leiam com mente aberta. O autor não quer insultar ninguém. Só nos quer informar da melhor maneira que lhe é possível.

Schopenhauer (22 de Fevereiro de 1788 - 21 de Setembro de 1860), retirado directamente do Wikipedia.org:
"He is commonly known for having espoused a sort of philosophical pessimism that saw life as being essentially evil, futile, and full of suffering. However, upon closer inspection, in accordance with Eastern thought, especially that of Buddhism, he saw salvation, deliverance, or escape from suffering in aesthetic contemplation, sympathy for others, and ascetic living. His ideas profoundly influenced the fields of philosophy, psychology, music, and literature."

Tenho de me arranjar para ir tomar um café.