sexta-feira, março 13, 2009

Missão: Impossível

São 4:30 e dormir parece estar muito além do meu alcance.

A vida parece estar sem significado. No lugar do cansaço ou da insónia há apenas um enorme vazio no meio do meu peito.

Não é tristeza, remorso, nem nada que se pareça. É simplesmente vazio...

quinta-feira, março 05, 2009

Pena

Tinha isto escrito em papel. Mas não é a altura ideal para noções românticas...

Horas atrás, preparava a minha "redenção". Provavelmente comecei por escrever as palavras mais bonitas que um homem poderia escrever a uma mulher...

"Acordei a pensar em ti. Não é nada de novo, mas hoje não me consegui conter.

Mesmo condensando todas as línguas do mundo, nunca iria encontrar palavras suficientes para descrever aquilo que sinto por ti. Amor é demasiado pequeno.

[...]"


Pouco mais havia escrito quando me apercebi da desilusão. [Des]Ilusão é a palavra-chave, estava assombrado pelo oceano mais fundo de projecção.

Quero odiar-te. Quero poder dizer como cravaste uma estaca de mágoa no meu peito, e deixaste-me em cinzas ferozmente tragadas por um vendaval de crueldade.

Quero dizer-te que és cega, que não consegues ver aquilo que eu sinto. Que não queres reconhecer que eu te podia fazer mais feliz que tudo. Quero dizer-te que por me fazeres passar por isto resta-te apenas afogar no pranto da solidão.

Mas não consigo... Tu és maior que eu.

Acreditava que podias gostar tanto de mim como eu gostava de ti. Fui arrastado pela mentira de que o amor é algo de recíproco, de que a mutualidade da experiência é incontornável, de que a nossa vida tem algum significado para além dos instintos primários instigados pela Natureza.

E afinal não podemos contornar a Natureza. Na tua altivez é apenas natural que procures alguém que te seja par nesse pináculo de exuberância. E tenha pena. Não tenho pena por ti, porque sei que serás feliz. Não tenho pena de mim, porque fui eu que me construí a ferro e fogo, e orgulho-me de ser.

Tenho pena de nunca na vida te poder ter. Tenho pena do nosso reencontro ser impossível, e resta-me apenas amaldiçoar a realidade de que nunca estaremos juntos.

Tu és perfeita. Nunca te disse mais porque sabia que a minha pequenez nunca poderia caber na perfeição da tua essência. Mas és demasiado perfeita. Tão perfeita que nunca poderias gostar de alguém tão imperfeito como eu.

Por que tu para mim és mais-que-tudo. E para ti eu sou mais um. Mais um? Talvez nem isso. Nem sei bem o que sou para ti... acho que sou nada.

E como pode o nada estar junto com o tudo?

A Lógica ensinou-me o absurdo. E agora estou a vivê-lo.

Nesta madrugada turbulenta, quebro o meu jejum de não-fumador (desculpa-me). É o meu momento único, mas é também a minha catarse. E agora abandono-me ao meu torpor emocional, de que o temporal que sacode as cortinas é apenas um espelho baço.

Amo-te. É nesta palavra que se resume a minha dor...

Schopenhauer era um pouco mais eloquente que eu:
"Quando o amor se dedica a um único ser, atinge então tal intensidade, um tal grau de paixão, que se for privado da sua satisfação, todos os bens do mundo e a própria vida perdem o seu valor. É uma paixão de uma violência que nada iguala, que não recua perante sacrifício algum, e que pode conduzir à loucura ou ao suicídio."

Quero morrer.